Arquivo para o ano: 2019

Valdeci Ferreira

Quando entrei para a Faculdade de Comunicação em Relações Públicas no ano de 2000 foi como se eu descobrisse o mundo de novo ao meu redor… Um mundo que já morava nele há 25 anos e que sabia muita coisa, mas muitas outras ainda eram estranhas ou ignoradas.

 

Abracei fervorosamente aquela oportunidade de aprender e de decifrar enigmas intrigantes pelos textos que mostravam uma história já refletida por pensadores e filósofos da sociedade antiga e moderna. Vi do ângulo do debate como as considerações consagradas poderiam sofrer mutações ou serem refutadas a medida que as aplicações das teorias eram implementadas… apaixonava-me por tudo que descobria.

 

E numa manhã de uma das aulas que estava tendo, já no terceiro período de uma matéria técnica sobre Relações Públicas, ouvi rumores de um acontecimento ainda sem muitos detalhes que nos Estados Unidos um avião se chocou contra uma das torres do Word Trade Center. Onde era isso? Uma pergunta feita de meu ainda limitado conhecimento sobre o mundo que estava conhecendo.

 

Pois bem! Ao sair da Escola comecei a procurar informação além dos rumores e o que vi era maior do que poderia ser imaginado e o que pior poderia acontecer. O mundo mudaria e nunca mais seria como antes. E mudaria estando eu podendo fazer parte das reflexões sobre aquilo e dentro de uma faculdade estudando comunicação em Relações Públicas. O maior privilégio concedido a um sujeito apaixonado e fascinado com tudo aquilo.

 

Dia 11 de Setembro foi longo. Foi um filme de 24 horas onde eram definidos personagens, enredo, diálogos. A mídia, ainda sem recursos, especulava sobre o ataque. As Duas Torres caem. As bolsas de valores são fechadas. Caos na Estrutura da maior nação do mundo e onde foi criada a profissão que eu decidi seguir.

 

O filme de 24 horas virou uma série com várias temporadas e ao longo da minha faculdade era assunto de várias situações disciplinares. Aquele mundo que conhecia e que aumentava meu conhecimento sobre ele, nesse período, definitivamente, não existia mais e nenhum pensador com os quais me deparei pelos textos aplicados havia previsto.

 

Uma das Disciplinas mais instigadores era de Política com um professor amavelmente carrasco. E isso foi fundamental para uma situação que poderia entender melhor como aquilo que faria como profissão seria importante para um mundo que não havia sido previsto.

 

Iniciei a reta final com preparativos para a colação e coisas obrigatórias do protocolo. Devolver livros, finalizar trabalhos, concluir provas, despedir de mestres e escolher os homenageados. Surpresa Boa era que o carrasco amável foi o paraninfo e iria discursar. Daí, finalmente em sorteio, sai o dia da Colação: 11 de setembro de 2004.

 

Simbólico e sarcástico pela minha perspectiva. Sabia que os discursos seriam aclamados usando esse dia que outrora inventou um novo mundo.

 

Estava eufórico pela minha conquista e para ouvir o Carrasco amável com sua sabedoria que me entusiasmava. Foi muito além do que esperava, apesar do restrito tempo da cerimônia.

 

E hoje, completo com colegas de jornada da faculdade, 15 anos de profissão e o mundo 19 anos de sua reinvenção. Onde Relações Públicas foi e é fundamental para o que se instalou de nova ordem para o novo mundo com sociedades baseadas em ideologias de um milênio anterior.

 

Ainda militando e refletindo pessoalmente, o que se cria tão rápido como um mundo inteiro, merece e deve ser estudado para que se entenda o fenômeno que o criou e seus desdobramentos.

 

Pela reflexão profissional e filosófica, a atividade de Relações Públicas se tornou tão importante que ganhou outras faces de atuação com nascimento de redes sociais, maior penetração da Internet em camadas sociais menos favorecidas.

 

Temos outros nomes paras nossas novas faces de um novo mundo, mas ainda somos os mesmos e importantes Relações Públicas de sempre para ajudar a decifrar esse novo horizonte.

 

Valdeci Ferreira

Relações Públicas, Especialista em MKT e Comunicação organizacional,
Professor de Gestão de Negócios, Semiótica, Design, Comunicação e Marketing,
Presidente CONRERP 3ª Região por duas gestões

Em face da apresentação da PEC 108/2019, os conselhos profissionais de Minas Gerais se uniram para mostrar à sociedade a importância da existência dos conselhos. A presidente do Conrerp3 Anita Cardoso redigiu uma carta à sociedade como forma de explicar a importância deste movimento dos conselhos.

 

Carta aberta à sociedade

Senhoras e Senhores,

Vamos falar de crise?
Sim, sobre crise.

Aquilo que sai do nosso controle. Aquilo que nos gera problemas, caos. Aquilo que gera conflito.

Mas para falar sobre crise, seja ela qual for, precisamos falar sobre público.
E ninguém entende melhor de público do que os Relações Públicas.

Sim, são os profissionais de Relações Públicas que vão ajudar as organizações sejam elas, celebridades; empresas privadas; órgãos governamentais; OSCs; etc, a entender, mediar e relacionar-se com os públicos.

Comecemos citando o artigo 174 A da PEC 108, que diz: “A lei não estabelecerá limites ao exercício de atividades profissional ou obrigação de inscrição em conselho profissional sem que a ausência de regulação caracterize risco de dano concreto à vida, à saúde, à segurança ou à ordem social.”

 

Pois bem, senhoras e senhores.
O que é risco de dano concreto à vida? À saúde? À segurança? Ou à ordem social?
Quando nos comunicamos com a sociedade, nos comunicamos de maneira correta?
Consigo entender cada risco iminente ao relacionamento com as diversas sociedades?

 

Um político, por exemplo, ao se posicionar diante das mídias, dependendo de sua fala, posicionamento ou cultura, pode gerar uma guerra, uma crise econômica, uma crise de imagem comercial, uma crise ambiental, etc.
Guerra não seria risco à vida?
Crise econômica não seria risco à ordem social?
Crise ambiental não seria risco à saúde?

 

Estamos falando de risco.

E são sim, os profissionais de Relações Púbicas, os mais preparados para fazer uma gestão antecipada de riscos.
Gestão de riscos demanda conhecer cada público de interesse da organização. Demanda mapear suas culturas, seus valores e suas necessidades de interface.
Demanda planejar o que propor, o que dizer, como falar e como se posicionar com cada um, para que o impacto deste relacionamento seja benéfico.

Não é sobre RISCO que se trata o artigo 174 A da PEC 108, senhoras e senhores?

 

Partindo-se desta premissa de minimizar riscos à sociedade como prevê o artigo citado, temos sim, nós Relações Públicas, um papel crucial na defesa da sociedade.

Maquiavel, no livro o Príncipe, cita: “Os fins justificam os meios” e nós Relações Públicas não concordamos com esta frase. Para nós “Os meios justificam os fins”.

Criamos meios ou mecanismos para minimizar riscos de relacionamentos.
Criamos meios ou mecanismos de proteção à vida, à saúde, à segurança ou à ordem social.

 

Não se faz planejamento após o caos. Gestão de risco requer mapeamento anterior.
Fazemos gestão de risco antes. Monitoramos os possíveis impactos de um risco, antes. Planejamos ações para não corrermos riscos, antes.

Como planejamos?
Conversando com cada público. Entendendo cada público. Mapeando necessidades e interesses de cada público. Fazendo uma análise de possibilidades entre a organização e o público. Entendendo os pontos fortes e fracos de cada público.

Senhoras e senhores,
Trata-se de um trabalho minucioso e delicado que dá ao político, ao empresário, ou à celebridade uma visão ampla de como agir, como falar, como dizer não, como dizer sim, como contestar, como negociar.

Entender os públicos e seus riscos, minimiza crises.
Estabelece conforto nos relacionamentos.
Amplia interfaces, negociações e satisfação entre as partes.
Promove o relacionamento humanizado.

 

Para finalizar senhoras e senhores, o artigo 174 A da PEC 108, diz tudo sobre nós e sobre a importância de estarmos à frente da proteção e harmonização da sociedade.

Respeitosamente,

Anita Cristina Cardoso Magalhães
Conrerp 3 / 1227
Presidente do Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas 3ª Região
Minas Gerais e Espírito Santo

 

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